***paz, amor e liberdade***

quinta-feira, abril 19, 2007

+ Publicidade

Vou voltar a falar de publicidade. Hoje de um outro anúncio que tive oportunidade de observar com atenção: o de um carrinho muito pequenino, sabem? Aqueeeele…! Sabem? Aquele que é para dois! Não, não é aquele que também pode ser para quatro. Não. É aquele que é só para dois. O semarte for tu (e não pensem que não sei escrever inglês!). Pois é! No anúncio publicitário dele (do carrinho pequenino), eles dizem:

Não importa o tamanho que tenhas.

Não importa o que sejas ou como te pareças.

Não importa se tenhas sardas ou o cabelo duro que pareça um microfone.

Não importa que nunca te consigas bronzear sem te queimar ou ficar escarlate.

Não importa a língua que falas e qual é a pronúncia que te caracteriza.

Não importa a quantidade de palavras que conheças.

O importante é estar dentro de um!

Não importa como estas calçado.

Não importa o que comes e quando comes.

Não importa a música que ouves, onde, quando e como a ouves.

Não importa onde vives, de que cor é a tua casa e o que penduras nas paredes.

Não importa se pintas os lábios, assim ou assado, ou se não os pintas de todo.

Não importa se usas cuecas ou calcinhas, se pintas o cabelo ou se fazes madeixas que se notam de longe.

O importante é estar dentro de um!

Agora! Dentro de UM quê?!? Claro está! Dentro do carrinho muito pequenino que dá só para dois! Ou não fosse o tal anúncio, dele (do carrinho pequenino). Mas bom… foram eles, os que o pensaram escreveram e realizaram, que pretenderam dizer aquilo tudo e muito mais, em apenas em alguns segundos. É por isso que eles – agora os publicitários em geral, têm sucesso! Só eles dizem tudo aquilo que os que compram querem ouvir. Subtilmente e numa fracção de segundos dizem, sopram ao ouvido “tu também podes ter um isto ou aquilo!” Que mansinhos e “obedientes” ficam então os consumistas - na generalidade aqui também, fixe-se. E ainda por cima ainda ficam felizes. Que lindo! Eles ganham e nós ganhamos sobre, por cima do que eles ganham. Claro que nem sempre as segundas e terceiras intenções são atingidas na plenitude da consciência. Às vezes elas nem chegam a coçá-la, mas que estão lá, estão!

Oh! Se calhar não estão… ou não estão em todos. Talvez basta que estejam apenas nalguns. Bom, mas nem todas as segundas e terceiras intenções carecem de rótulo maldoso. Há tantas boas por aí a tentar propagar o seu objectivo! A amofinação surge pela boa parte que não encontra como passar disso mesmo. De intenção.

quarta-feira, abril 11, 2007

A Caça ao Sonho

Um dos mais recentes anúncios publicitários da vodafone é fantástico. Não sei se tiveram oportunidade de o apreciar, já que na publicidade tempo é dinheiro e a enorme mensagem que alguns anúncios transmitem, cabe em apenas alguns segundos. A maioria das vezes não lhes presto a devida atenção, ficando a pairar a mensagem que interessa à marca e pouco mais.

Porém, ocasionalmente, acontece-me de estar mais relaxada, apartada do stress e… eis que descubro uma obra de arte num anúncio publicitário! A sequência de imagens parece então passar mais lentamente e o meu cérebro acompanha atentamente a sua mensagem. A publicidade pouco me interessa e é raro que seja ela a levar-me ao consumo em si. Agora, que há mentes fantásticas a trabalhar nessa área há!

O tal anúncio da vodafone é um desses que acho bons. Fala sobre a perseguição aos sonhos, aqueles sonhos que temos desde criança e que ao longo da vida se vão esbatendo por motivos diversos. Na micro história do anúncio, a conquista do sonho é vista como resultado da corrida incansável e obstinada para o alcançar. Uma persecução sem desvios, impenetrável às influências externas que são, por exemplo: as opiniões alheias, a falta de oportunidades, a incredibilidade de cresce connosco à medida que amadurecemos, os desvios da vida, etc.

E penso: qual dos meus sonhos me acompanhará há mais tempo? Se pensar muito, concluo que nenhum dos sonhos é suficientemente importante para mim para que eu, obstinadamente o persiga. Talvez tenha preguiça, até acho que é bem provável que seja isso. Custa-me nomear um objectivo de vida, passando a ter a responsabilidade de o alcançar. No entanto, quem me conhece sabe que não vivo de braços cruzados - J, mas nada me tem aquele sabor de “nasci para isto”.

Bom, seja como for, há um sonho que posso dizer ser o mais velhinho cá dentro. Descobri-o com cerca de 15 anos, pelo que já tem quase 12… a vontade de escrever! Fazer disso a minha vida! Com 16 anos dizia que ia ser escritora! Mas qual quê! Escrever requer dom, conhecimento e muito trabalho. Talvez se a minha mãe tivesse achado engraçadas algumas das minhas letrinhas…

De qualquer modo sim! Penso que se tivesse perseguido inflexivelmente esse meu sonho, talvez hoje estivesse no bom caminho. Ainda sou nova, bem sei, mas teria sido essencial direccionar a minha vida académica nesse sentido. Enquanto não teimo nessa tecla, vou-me consolando a escrevinhar por aqui, sem grande rigor e nem sempre dando o meu melhor, mas alimentando a esperança que poderei precisar um dia.

segunda-feira, abril 02, 2007

A-cultura

Dizem-me algumas vezes "ah, tens a mania que és intelectual!" e eu pergunto “que raio é que isso quer dizer? É por gostar de falar e ler sobre determinados assuntos? Será pelo meu interesse pela arte, pela música que (quase) ninguém gosta, pelos filmes que não interessam a (quase) ninguém, pelo teatro que afinal nunca vou assistir? Zás! Lá tenho eu mais um defeito! Mais um, menos um não fará grande diferença no meu saco já tão cheio.

No entanto, este tipo de observação não deixa de me provocar um pouco de comichão. Afinal de contas, gostos não se discutem! Aliás, respeitam-se, aceitam-se e, se possível, compreendem-se. É na diferença que reside a riqueza de uma sociedade, mesmo que seja a igualdade que a identifica. Digam-me para onde iríamos se todos ouvíssemos a mesma rádio de manhã à noite, se todos achássemos a gastronomia estrangeira esquisita, se todos votássemos no mesmo partido político? - Vou mais longe! Apetece-me! - O que seria da cultura que não se vende nos shoppings se ninguém a consumisse, o que seria da arte e dos artistas se não houvesse por aí tanta gente “armada em intelectual” e em diferente da maioria?

Se observarmos, encontramos no “mundo” da arte um espírito rebelde que ousa não se vergar aos costumes tidos, pela sociedade, por correctos. Penso que existe também muito fascínio envolto a esse universo, mas acredito que aqueles que sentem dificuldade em encontrar o seu lugar na sociedade em geral, podem sim identificar-se com aquele espírito de insubmissão.

Fico-me por aqui quanto a este assunto, mas não antes de sugerir o filme “Frida”.