***paz, amor e liberdade***

quarta-feira, abril 12, 2006

Há coelhos poedeiros?

Por esta altura do ano vêem-se coelhinhos por toda a parte. Eles são de todos os tamanhos, feitios e cores. Esses tais coelhinhos que decoram montras, panfletos publicitários, janelas de infantários e escolas e que fazem os miúdos pintar e desenhar têm normalmente ovos com eles.

Ora, toda a gente sabe – depreendo – que os coelhinhos não põem ovos! Se não explicarem isso às crianças elas, se um dia virem um coelhinho agachado atrás de um arbusto, vão achar que está a pôr um ovo!
Mas então se os coelhinhos não põem ovos, por raio os carregam por toda a parte nesta altura? Pior! Por raio os escondem? Não admira que um dia, uma criança astuta se ponha a pensar que, se os coelhinhos (alguns) coabitam com as galinhas, se as galinhas põem ovos e se os coelhinhos definitivamente não têm jeito para chocar… é porque andam a roubar os ovos às galinhas!
Pobres das galinhas, que andam sempre “doidas para pôr o ovo lá no buraquinho”. A culpa deve ser dos coelhinhos, que lhes levam os ovos enquanto elas vão debicar alguma coisa depois de horas de esforço para parir um ovito. Quando voltam para o chocar ele já lá não está! “C’os ”diabos*!! Será que tive um momento poedeiro psicológico?”, pensam elas desesperadas.

Portanto, é importante explicar às criancinhas que não, os coelhos não se armam em Robin dos Galinheiros! Não roubam os ovos às galinhas para os esconder no jardim de modo que a Sofia e o João tenham com que se entreter nas férias da Páscoa. E as galinhas não põem ovos de chocolate. Imaginem-nos só na hora de os chocar!

Bom, então afinal que têm os coelhinhos a ver com os ovos ou vice-versa?
Bem antes de haver a Páscoa, em diferentes culturas, em diversos pontos do planeta festejava-se – e ainda se festeja nalguns sítios - a chegada da Primavera, do novo ciclo lunar, das novas colheitas. Prestava-se tributo à fertilidade para que as ditas colheitas fossem prósperas, para que os animais tivessem boas ninhadas, para que a vida em geral brotasse com toda a sua magnificência.
O coelho que se reproduz quase a torto e a direito depressa se deve ter tornado na “mascote” da fertilidade, além de que em algumas culturas já findas ele representava o nascimento e a nova vida. Noutras ele ainda é associado à Lua e ao seu ciclo.
E porquê o ovo? Existe, mais uma vez em diferentes culturas do planeta, o mito do ovo como origem do universo. Ovo – Nascimento – Origem – Útero gerador de vida – Zero – Ponto de Partida – Renascimento…

Depois então veio a Páscoa, que coincide (por coincidência ou não) com a todas aquelas festividades. Tendo a Páscoa todo um significado similar às festividades que já existiam (por coincidência ou não), pode-se considerar natural que as simbologias se tenham fundido numa só. Mas ainda bem que inventaram o chocolate, senão ainda andávamos a ovos cozidos pintados!



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*Se se lê “cus diabos” porque diabo não se escreve CUS DIABOS??