***paz, amor e liberdade***

sexta-feira, fevereiro 10, 2006

A caricatura do Profeta (6/2/2006)

Nos dias que correm fala-se muito em sociedades multiculturais, nas quais se idealiza o diálogo entre as diferentes culturas, o reconhecimento e o respeito pelas suas diferenças, de modo que cada uma possa existir ordeiramente nas sociedades do futuro. Sabe-se que a diversidade cultural enriquece uma sociedade e que está em nós a capacidade de fazê-la ideal.

No reconhecimento das culturas diferentes devemos ter em mente que assim como na nossa, existem temas que merecem o nosso maior respeito. Podemos opinar e até brincar, mas nunca expor publicamente ao ridículo algo que se sabe à partida que ferirá muitas susceptibilidades. Os credos alheios devem ser respeitados tal como respeitamos o nosso, porque é o credo do outro e o outro venera-o tanto quanto nós veneramos o nosso.

O mais grave é saber-se o quanto fervorosos são os islâmicos, ou boa parte deles, o quanto eles são apegados à sua religião, o quanto veneram o seu profeta e a sua palavra. A nossa história está cheia de exemplos de conflitos religiosos, de guerras sangrentas em nome das fés. Porquê, numa época em que se amadurece o ideal “todos diferentes, todos iguais”, provocar conflitos desta natureza. Ainda por cima (e mais uma vez) partindo das sociedades ditas evoluídas!
Lutar pelos direitos humanos violados em nome da doutrina é uma coisa, mas generalizar que toda a doutrina é ridícula é outra bem diferente. Até porque o profeta Maomé foi buscar as bases da sua doutrina ao Antigo Testamento, adaptando-o por palavras suas ao monoteísmo. E o mesmo deve ter ocorrido com o Cristianismo, que terá como raiz um outro credo, mas convenientemente adaptado às palavras de Jesus Cristo. Se aprofundarmos a nossa pesquisa nas diversas religiões, talvez concluamos que as suas bases se perecem muito. Diferentes são as palavras, as práticas e as interpretações adoptadas. Sabemos também que boa parte dessas práticas religiosas são ditadas por homens que usam “a palavra do Senhor ou dos profetas” para atingir determinado fim.

Penso que o importante é mantermos o bom senso, é sabermos que o nosso espaço, a nossa liberdade acabam quando começa o espaço e a liberdade do outro. Se soubermos que ao dar determinado passo iremos ferir o outro, o melhor é não avançarmos. “Se não pudermos praticar o bem, que pelo menos não pratiquemos o mal.”

Na época em as sociedades multiculturais forem uma realidade, seremos livres até de brincar com a cultura alheia, porque a vamos conhecer para tal. É como termos um amigo com um nariz enorme do qual estamos mortinhos para fazer um desenho. Enquanto não conhecermos bem esse amigo, enquanto não soubermos que ele sabe que nós somos seu amigo e que se o chamarmos de “papagaio” será igual a chamá-lo de “meu querido”, é óbvio que não o vamos fazer!

3 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Estimada Flor,
Touchê!!!
Não poderia concordar mais. Respeito pelos ideais é sempre uma boa prática em vida social. Principalmente se nem sequer nos afectam nem nos atacam nos nossos...
Mas não resisto a acrescentar uma reflexão...
Nasci em Portugal, país dominantemente católico,...
Fui baptizado sem consentimento, ...
Fui condicionado a temer Deus,...
Formatado no discurso a conter alusões religiosas,
"Valha-me Deus,...", "Adeus", "Deus te salve", etc...
No entanto, quando ganhei consciência da minha vontade, notei que pouco entendia destas questões.
Ainda me dediquei algum tempo, com mil e uma perguntas, a massacrar os catequistas a fim de esclarecer o que para eles era claro e que para mim palavra após palavra se tornava mais confuso, contraditório e outros adjectivos que me foram afastando cada vez mais desses ideais.
Hoje pergunto-me serei católico? E se eu tivesse nascido no Tibete? Ou se, por exemplo fosse Iraquiano? Será que deixaria de ser eu? Deixaria de ser o que sou e ter os meus ideais? Seria eu maumetano? Ou budista ou de outro credo qualquer?
Então pergunto, afinal serão os nossos ideais que nós verdadeiramente defendemos? Ou simplesmente o que nos ensinam a defender. E, por os não entendermos e internamente não os aceitarmos, seguimo-los com devoção de fé, por vezes no puro fanatismo intolerante, apenas porque é confortável acreditar e incomodo questionar, porque é simples aceitar e difícil descobrir...
Pergunto se alguém acredita que o maior fanático do credo X, nascido na zona de influência do credo “Não X”, não se tornaria lá um fanático do credo “Não X”. Eu acredito! É essa a minha fé! Nós não somos católicos, ortodoxos, protestantes, ... nós somos apenas o que os que nos influênciam nos transmitem, pois é parte da natureza humana tentar explicar o que não se vê por simples medo do desconhecido. E à falta de melhor, acreditamos na fé, pois sem explicações, a fé explica tudo!
Por isso, acredito simplesmente que todas as guerras e conflictos em torno da fé apenas serviram questões paralelas, como a sede de poder (e poucos tem poder maior que a religião), ou razões de caracter económico ou estratégico...
Ainda haverá hoje espaço para tanto? Sem dúvida, é o que se vê!
Sobre os cartoons, tem piada que afinal de contas dos primeiros a matar indiscriminadamente em nome da fé,contam-se afinal foram os tementes a deus nas suas jhiads (cruzadas)... seriam estes afinal os percursores do terrorismo? Seria pois correcto, ou inteligente, desenhar Jesus Cristo a ensinar aos apóstulos técnicas de guerrilha? Ou seria simplesmente estúpido? Porquê então pensar de forma diferente das caricaturas do profeta?
No respeitante à liberdade de publicação dos cartoons, bom, aí a questão tem a ver simplesmente com a educação (ou falta de) dos seus autores. Será que a fim de ver os números de venda dum jornal ou revista, se aceita publicar alguma coisa assim?
Bem não posso dar a resposta a cada um..., eu tenho a minha, e quem eventualmente ler as considerações acima escritas, certamente poderá entender o meu porquê, mesmo que discorde!
:D
E pronto, já chega de bater na questão, venham outras opiniões!
Beijinhos para ti Flôr e cumprimentos a todos os demais.

sexta-feira, 17 fevereiro, 2006

 
Anonymous Anónimo said...

Keep up the good work » » »

quarta-feira, 07 fevereiro, 2007

 
Anonymous Anónimo said...

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sexta-feira, 16 fevereiro, 2007

 

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