***paz, amor e liberdade***

quarta-feira, abril 02, 2008

As filas dos serviços sociais

Dos desempregados, a última vez que os ouvi reduzidos a números eram para cima de 400 mil. É muita gente! Não admira que se espere eternidades nas repartições da Segurança Social ou no centro dos desempregados. Ouve-se dizer que 3 jornais do dia não são suficientes para distrair a espera, mesmo lendo as letras mais pequenas. Mas há sempre as cenas teatrais que se tem oportunidade de assistir! Puro entretenimento espontâneo e gratuito: é a senhora vendedora de peixe, cuja voz de forte volume se faz bem sentir, mais as suas aprendizes que normalmente a acompanham e que, não percebi ainda porquê, exibem nas orelhas umas grandes argolas em ouro (não tenho dúvida alguma que seja ouro); há também aquelas jovens mães que fazem muitas vezes ali as suas primeiras aparições pós-parto e que pelos vistos esperam na fila como todos os outros, para mal dos pecados dos ditos outros, de cada vez que a criança faz soar o seu grito existencial; algumas levam também o filho mais velho que normalmente anda por ali a correr desordenamento tal bola de flipper, à medida que a mãe vai dizendo “tá quéto, André Filipe!” – o pior é quando a já pouca paciência dela está nas últimas e lá sai uns palavrões, umas estaladas e, consequentemente, o choro da revolta. Pobres espectadores forçados da cena, que preferiam conseguir ler o seu jornal ou a sua revista “cor-de-rosa”! Há os que bufam durante as duas ou três horas que ali estão e também os que controlam o tempo que os outros demoram a ser atendidos.
Mas falar mal dos funcionários é o clássico: “elas acham que temos a vida delas” (mesmo que haja senhores no atendimento, generaliza-se sempre para o feminino); “não fazem nada!”; “ainda por cima têm a lata de ir almoçar!”; “põem-se na conversa e depois é isto! Não há respeito”. A hostilidade e os palavrões são frequentes e chegam mesmo a incomodar aqueles que acreditam que o stress de fila só piora a espera inevitável.
Há também aqueles que se gabam da vida que levam à custa do que dali recebem; há as senhoras que se juntam para falar mal das noras, bem dos genros, das qualidades dos respectivos maridos muitas vezes já falecidos, ou então comparem os seus métodos na cozinha e os seus hábitos domingueiros; há o casalinho de namorados que aproveita para se beijar insistentemente à medida que tiram fotografias um ao outro com o telemóvel, ou então que discutem pelas coisas mais parvas; há o senhor que corta as unhas (arrepiante); há sempre alguém que aproveita para explorar os barulhos do telemóvel novo; há sempre uma senhora, seja em que sítio for, que discute aos berros com alguém ao telefone para toda a gente ouvir, muitas vezes sobre assuntos que se implora para não ouvir. Há os que dormem (fantástico de observar), os que lêem e os restantes ficam agarrados ao telemóvel a trocar mensagens escritas, e toda a gente fica saber pelos irritantes sons que apitam de a todos os instantes, de todos os cantos da sala.
Já uma vez falei aqui de filas, mas como estas realmente não há igual! Riquíssimas! De uma diversidade socio-cultural estonteante, que pode (eu diria mesmo ‘deve’) ser observada de forma analítica positiva, porque afinal de contas é desta generalidade que se retiram as características de uma sociedade. E que se seria da graça deste país se não tivéssemos o senhor que cortou (em público!!) as unhas todas menos a do dedo mindinho da mão direita, ou se não tivéssemos a pronúncia característica da senhora que vende o peixe na lota de Matosinhos, ou noutra? Que seria do mito que as sogras não gostam das noras e amam os genros, se realmente não o pudéssemos alimentar de vez em quando ao escutar certas conversas alheias? Onde estaria a riqueza diferencial se não houvesse sempre um ou dois indivíduos armados em intelectuais com os seus livros ou jornais (não contando com os desportivos)? Pois! Era triste se fôssemos demasiado homogéneos.

Mas agora, que os desempregados são mais que as mães, são! É só ir a um shopping qualquer, num qualquer dia útil da semana, de manhã! Nunca se viu igual antes!

quarta-feira, dezembro 19, 2007

Outra vez o Natal

A época natalícia incomoda-me. Há coisas nesta altura que realmente irritam. O consumismo é um clássico para muita gente, claro, mas porquê? Ora, por causa daquele sentimento generalizado de obrigação que faz toda a gente comprar presentes à toa, sem olhar o quê a quem, por exemplo. Mas o pior de tudo é isso de atribuir as culpas ao Pai Natal: ele é que traz os presentes ou não, conforme se comportem as pessoas (as crianças, vá). Não acho nada bem! Por aquilo que percebo, é suposto o Pai Natal ser um velhinho simpático, de sorriso e carácter generoso, que propaga a alegria através do Espírito de Natal. Não posso conceber que isso do espírito de natal seja a discrepância profunda que existe entre determinadas consoadas de Natal. O Espírito de Natal é, supostamente, muito maior que isso. Não se vê, não se cheira, não se toca, mas sente-se. Devia ser proibido dizer-se por aí que é o Pai Natal que dá a psp e o telemóvel xpto ao Bernardo (só porque mora na foz) e que ao Francisco que mora no bairro (não importa qual) ofereça uma simples compilação de jogos de mesa, entre os quais o clássico Jogo da Glória (que saudades!). É assim! Não sou eu quem considera os presentes do Bernardo melhores, é o Francisco que, se ainda estiver em idade de acreditar nalguma coisa vai achar o Pai Natal um velho sacana e extremamente injusto, tanto qualitativa como quantitativamente.
Cá para mim, o melhor seria começar a espalhar que o Pai Natal traz um presente a cada menino/a, que esse presente é aquele de pouco valor económico, mas nem por isso menos especial. É aquele presente que toca o espírito, que humedece os olhos, que tem aquele sabor humano oriundo do puro desejo de fazer feliz. E depois, há que assumir que a vontade de fazer feliz, para muita gente, não se resume a um único presente e que portanto, os outros presentes aparecem conforme as possibilidades (de todos os tipos) de cada um. Não é o Pai Natal não sei de quem que é pobrezinho, por favor! Pobrezinha é a carteira de muita boa gente e o espírito de outras tantas (algumas já não tão boas) e há que assumir isso. É dizer às criancinhas que o Pai Natal traz um presente a todos os meninos e meninas e que uns recebem mais que outros porque os restantes são os pais, tios, avós, etc que oferecem. Não se pode andar por aí a fazer crer que o Pai Natal seria capaz de oferecer uma psp ao bernardo e um Jogo da Glória ao Francisco que, às tantas, sonha muito mais com a psp que o próprio Bernardo. Não é esse o Espírito de Natal!
E é dizer também às senhoras que fazem as listas de pessoas e que acabam por comprar mais umas cinco ou seis lembranças para o caso de se terem olvidado de alguém, que não vale a pena gastarem dinheiro nas estatuetas dos chineses. É assim! Aquilo vai acabar no lixo porque alguém as vai deixar cair de propósito para partirem. O melhor é ficarem-se pelas meias (já nem digo as cuecas). As meias usam-se sempre nem que seja para andar por casa. A meio da semana seguinte já nem se sabe donde elas apareceram, mas que são úteis são! Os chocolatinhos também são uma boa opção, não tanto em utilidade, mas consolam nalguns momentos (também não importa quais). Desaparecem num instante levando consigo a triste imagem da senhora que os comprou sem ter definido carinhosamente o seu destino.
Seja lá com que espírito se vive esta época, desejo a todos um Natal cheio de bons sentimentos e que eles se estendam a todos os seres deste planeta, principalmente os da nossa espécie. Eu sou assim loira e a minha conversa nesta altura é miss style: “Desejo profundamente Paz para todos.” E num aparte diria: “Deixem o poder com as mulheres que não criam o seu filho achando que ele é melhor que ela por ser homem! Elas é que sabem!”

terça-feira, novembro 13, 2007




Não creio no sentimento simplesmente verbalizado.

Não creio no sentimento nascido da fervura do momento.

Não creio no sentimento poetizado.

Creio no gesto continuado.

domingo, outubro 14, 2007


Ouvi uma vez que maior que ele ‘o amor’, só a pobreza e a dor de dente. Mas é maior que ele o preconceito, o desejo, as aparências e tantos outros valores socio-culturais.
‘Quem olha para ti assim à primeira vista repara que pareces uma bonequinha, uma fofura que ainda por cima está sempre a rir. Um doce! Mas depois vem a realidade, a tua, e faz-se aquela cara de susto. ’

quarta-feira, junho 06, 2007


Maia: o novo elemento!

Curiosidades: "A palavra Maia vem do Mayab, que significa o lugar do planeta Terra chamado Yucatán. Para os hindus a palavra maia significa ilusão; Maia também significa Mente, Magia e Mãe.
Maia, Mayaa e Maria são uma mesma palavra e curiosamente a mãe de Buda chamava-se Maia e a mãe do Jesus chamava-se Maria. Nosso mês de MAIO leva o nome da deusa romana Maia; a Deusa da Primavera, do Florescimento."

Além disso ela chegou no mês de Maio e a Maia (concelho) faz parte da minha vida nos dias que correm.

quinta-feira, abril 19, 2007

+ Publicidade

Vou voltar a falar de publicidade. Hoje de um outro anúncio que tive oportunidade de observar com atenção: o de um carrinho muito pequenino, sabem? Aqueeeele…! Sabem? Aquele que é para dois! Não, não é aquele que também pode ser para quatro. Não. É aquele que é só para dois. O semarte for tu (e não pensem que não sei escrever inglês!). Pois é! No anúncio publicitário dele (do carrinho pequenino), eles dizem:

Não importa o tamanho que tenhas.

Não importa o que sejas ou como te pareças.

Não importa se tenhas sardas ou o cabelo duro que pareça um microfone.

Não importa que nunca te consigas bronzear sem te queimar ou ficar escarlate.

Não importa a língua que falas e qual é a pronúncia que te caracteriza.

Não importa a quantidade de palavras que conheças.

O importante é estar dentro de um!

Não importa como estas calçado.

Não importa o que comes e quando comes.

Não importa a música que ouves, onde, quando e como a ouves.

Não importa onde vives, de que cor é a tua casa e o que penduras nas paredes.

Não importa se pintas os lábios, assim ou assado, ou se não os pintas de todo.

Não importa se usas cuecas ou calcinhas, se pintas o cabelo ou se fazes madeixas que se notam de longe.

O importante é estar dentro de um!

Agora! Dentro de UM quê?!? Claro está! Dentro do carrinho muito pequenino que dá só para dois! Ou não fosse o tal anúncio, dele (do carrinho pequenino). Mas bom… foram eles, os que o pensaram escreveram e realizaram, que pretenderam dizer aquilo tudo e muito mais, em apenas em alguns segundos. É por isso que eles – agora os publicitários em geral, têm sucesso! Só eles dizem tudo aquilo que os que compram querem ouvir. Subtilmente e numa fracção de segundos dizem, sopram ao ouvido “tu também podes ter um isto ou aquilo!” Que mansinhos e “obedientes” ficam então os consumistas - na generalidade aqui também, fixe-se. E ainda por cima ainda ficam felizes. Que lindo! Eles ganham e nós ganhamos sobre, por cima do que eles ganham. Claro que nem sempre as segundas e terceiras intenções são atingidas na plenitude da consciência. Às vezes elas nem chegam a coçá-la, mas que estão lá, estão!

Oh! Se calhar não estão… ou não estão em todos. Talvez basta que estejam apenas nalguns. Bom, mas nem todas as segundas e terceiras intenções carecem de rótulo maldoso. Há tantas boas por aí a tentar propagar o seu objectivo! A amofinação surge pela boa parte que não encontra como passar disso mesmo. De intenção.

quarta-feira, abril 11, 2007

A Caça ao Sonho

Um dos mais recentes anúncios publicitários da vodafone é fantástico. Não sei se tiveram oportunidade de o apreciar, já que na publicidade tempo é dinheiro e a enorme mensagem que alguns anúncios transmitem, cabe em apenas alguns segundos. A maioria das vezes não lhes presto a devida atenção, ficando a pairar a mensagem que interessa à marca e pouco mais.

Porém, ocasionalmente, acontece-me de estar mais relaxada, apartada do stress e… eis que descubro uma obra de arte num anúncio publicitário! A sequência de imagens parece então passar mais lentamente e o meu cérebro acompanha atentamente a sua mensagem. A publicidade pouco me interessa e é raro que seja ela a levar-me ao consumo em si. Agora, que há mentes fantásticas a trabalhar nessa área há!

O tal anúncio da vodafone é um desses que acho bons. Fala sobre a perseguição aos sonhos, aqueles sonhos que temos desde criança e que ao longo da vida se vão esbatendo por motivos diversos. Na micro história do anúncio, a conquista do sonho é vista como resultado da corrida incansável e obstinada para o alcançar. Uma persecução sem desvios, impenetrável às influências externas que são, por exemplo: as opiniões alheias, a falta de oportunidades, a incredibilidade de cresce connosco à medida que amadurecemos, os desvios da vida, etc.

E penso: qual dos meus sonhos me acompanhará há mais tempo? Se pensar muito, concluo que nenhum dos sonhos é suficientemente importante para mim para que eu, obstinadamente o persiga. Talvez tenha preguiça, até acho que é bem provável que seja isso. Custa-me nomear um objectivo de vida, passando a ter a responsabilidade de o alcançar. No entanto, quem me conhece sabe que não vivo de braços cruzados - J, mas nada me tem aquele sabor de “nasci para isto”.

Bom, seja como for, há um sonho que posso dizer ser o mais velhinho cá dentro. Descobri-o com cerca de 15 anos, pelo que já tem quase 12… a vontade de escrever! Fazer disso a minha vida! Com 16 anos dizia que ia ser escritora! Mas qual quê! Escrever requer dom, conhecimento e muito trabalho. Talvez se a minha mãe tivesse achado engraçadas algumas das minhas letrinhas…

De qualquer modo sim! Penso que se tivesse perseguido inflexivelmente esse meu sonho, talvez hoje estivesse no bom caminho. Ainda sou nova, bem sei, mas teria sido essencial direccionar a minha vida académica nesse sentido. Enquanto não teimo nessa tecla, vou-me consolando a escrevinhar por aqui, sem grande rigor e nem sempre dando o meu melhor, mas alimentando a esperança que poderei precisar um dia.

segunda-feira, abril 02, 2007

A-cultura

Dizem-me algumas vezes "ah, tens a mania que és intelectual!" e eu pergunto “que raio é que isso quer dizer? É por gostar de falar e ler sobre determinados assuntos? Será pelo meu interesse pela arte, pela música que (quase) ninguém gosta, pelos filmes que não interessam a (quase) ninguém, pelo teatro que afinal nunca vou assistir? Zás! Lá tenho eu mais um defeito! Mais um, menos um não fará grande diferença no meu saco já tão cheio.

No entanto, este tipo de observação não deixa de me provocar um pouco de comichão. Afinal de contas, gostos não se discutem! Aliás, respeitam-se, aceitam-se e, se possível, compreendem-se. É na diferença que reside a riqueza de uma sociedade, mesmo que seja a igualdade que a identifica. Digam-me para onde iríamos se todos ouvíssemos a mesma rádio de manhã à noite, se todos achássemos a gastronomia estrangeira esquisita, se todos votássemos no mesmo partido político? - Vou mais longe! Apetece-me! - O que seria da cultura que não se vende nos shoppings se ninguém a consumisse, o que seria da arte e dos artistas se não houvesse por aí tanta gente “armada em intelectual” e em diferente da maioria?

Se observarmos, encontramos no “mundo” da arte um espírito rebelde que ousa não se vergar aos costumes tidos, pela sociedade, por correctos. Penso que existe também muito fascínio envolto a esse universo, mas acredito que aqueles que sentem dificuldade em encontrar o seu lugar na sociedade em geral, podem sim identificar-se com aquele espírito de insubmissão.

Fico-me por aqui quanto a este assunto, mas não antes de sugerir o filme “Frida”.

quarta-feira, maio 31, 2006

aguas...

ser uma bolha de água,
deixar de o ser para ser um oceano
ou uma simples gota,
pertencer agora ao solo
que fará germinar uma semente,
renascer nela,
começar de novo,
viver,
viver,
viver...

Do quase nada...

O que se segue surgiu de um momento de inesperada inspiração que gostaria de aqui partilhar...

"Naquela tarde de Outono a chuva caía ritmadamente, como uma torneira que pinga. Ouvia-se o bater das gotas no vidro da janela, nas folhas das árvores, na terra que bebia a água e nas pedras do pátio.
Seguravas-me as mãos trémulas e olhavas-me nos olhos que também queriam chover. Os teus olhos eram o reflexo dos meus, de um tom castanho brilhante, profundo, que deixava adivinhar que não querias partir. Os minutos em que nada conseguíamos dizer passavam nervosamente, contrariando o gotejar do céu.
Quebraste o silêncio com um beijo demorado, um abraço que me envolveu com o teu perfume. Disseste baixinho «tenho de ir». Nada podia eu dizer. Queria gritar «Não! Fica!» mas, amo-te ao ponto de te preferir livre para ir. Livre para voltar, quem sabe... Mas livre.
Partiste, e se a saudade me abala, é com um sorriso que o faz."

sexta-feira, maio 12, 2006

Bolha d' Água

Hoje sou uma bolha de água

vou por ruas de espinhos

não com cuidado

na verdade quero rebentar

quero espalhar-me pelas fendas do solo

quero penetrá-lo

que me absorva

quero fundir-me com a terra

desaparecer nela

deixar no ar o odor de chuva

até que a terra se deixe secar

quarta-feira, abril 12, 2006

Há coelhos poedeiros?

Por esta altura do ano vêem-se coelhinhos por toda a parte. Eles são de todos os tamanhos, feitios e cores. Esses tais coelhinhos que decoram montras, panfletos publicitários, janelas de infantários e escolas e que fazem os miúdos pintar e desenhar têm normalmente ovos com eles.

Ora, toda a gente sabe – depreendo – que os coelhinhos não põem ovos! Se não explicarem isso às crianças elas, se um dia virem um coelhinho agachado atrás de um arbusto, vão achar que está a pôr um ovo!
Mas então se os coelhinhos não põem ovos, por raio os carregam por toda a parte nesta altura? Pior! Por raio os escondem? Não admira que um dia, uma criança astuta se ponha a pensar que, se os coelhinhos (alguns) coabitam com as galinhas, se as galinhas põem ovos e se os coelhinhos definitivamente não têm jeito para chocar… é porque andam a roubar os ovos às galinhas!
Pobres das galinhas, que andam sempre “doidas para pôr o ovo lá no buraquinho”. A culpa deve ser dos coelhinhos, que lhes levam os ovos enquanto elas vão debicar alguma coisa depois de horas de esforço para parir um ovito. Quando voltam para o chocar ele já lá não está! “C’os ”diabos*!! Será que tive um momento poedeiro psicológico?”, pensam elas desesperadas.

Portanto, é importante explicar às criancinhas que não, os coelhos não se armam em Robin dos Galinheiros! Não roubam os ovos às galinhas para os esconder no jardim de modo que a Sofia e o João tenham com que se entreter nas férias da Páscoa. E as galinhas não põem ovos de chocolate. Imaginem-nos só na hora de os chocar!

Bom, então afinal que têm os coelhinhos a ver com os ovos ou vice-versa?
Bem antes de haver a Páscoa, em diferentes culturas, em diversos pontos do planeta festejava-se – e ainda se festeja nalguns sítios - a chegada da Primavera, do novo ciclo lunar, das novas colheitas. Prestava-se tributo à fertilidade para que as ditas colheitas fossem prósperas, para que os animais tivessem boas ninhadas, para que a vida em geral brotasse com toda a sua magnificência.
O coelho que se reproduz quase a torto e a direito depressa se deve ter tornado na “mascote” da fertilidade, além de que em algumas culturas já findas ele representava o nascimento e a nova vida. Noutras ele ainda é associado à Lua e ao seu ciclo.
E porquê o ovo? Existe, mais uma vez em diferentes culturas do planeta, o mito do ovo como origem do universo. Ovo – Nascimento – Origem – Útero gerador de vida – Zero – Ponto de Partida – Renascimento…

Depois então veio a Páscoa, que coincide (por coincidência ou não) com a todas aquelas festividades. Tendo a Páscoa todo um significado similar às festividades que já existiam (por coincidência ou não), pode-se considerar natural que as simbologias se tenham fundido numa só. Mas ainda bem que inventaram o chocolate, senão ainda andávamos a ovos cozidos pintados!



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*Se se lê “cus diabos” porque diabo não se escreve CUS DIABOS??

sexta-feira, março 24, 2006

Porque choram as mulheres?

Afinal porque choram as mulheres, se são elas as guerreiras da vida, se têm a capacidade quase nascida de ultrapassar as maiores dores e barreiras?

São vários os motivos. Um deles – o mais frequente – não tem aparente porquê. É uma reacção quase instantânea perante determinadas situações… talvez a culpa seja da hormona!
Um outro motivo é porque ser forte, quase de ferro dói pra caraças! Então é necessário chorar para ser capaz de seguir em frente. É um chorar que lava a alma, que liberta o espírito.

Depois há aqueles motivos que pertencem ao universo feminino e que aí se devem manter.

quinta-feira, março 09, 2006

Eu emigrei, tu imigras....

Leio frequentemente a crónica de Manuel António Pina, publicada diariamente na contracapa do JN. No dia 6 ele dedicou-a a um tema sempre actual, com o qual me sensibilizo em especial: a Imigração, o “Regresso das Caravelas”.

Os imigrantes: pessoas que deixam para trás as terras que as viram nascer, as referências que têm, as pessoas que amam. Vêm em busca de um ideal de vida que acreditam vir a encontrar nas nossas sociedades. Vêm, chegam indefesas, enfrentam as barreiras do idioma, da cultura, dos hábitos, estando dispostos a trabalhar em qualquer coisa que apareça, sujeitando-se a quaisquer condições que lhes ofereçam. Trazem com eles as pérolas das suas próprias culturas, desde a gastronomia à própria religião e, afinal, as sociedades que deram os primeiros passos na emigração – mesmo que em tempos lhe dessem outro nome – ainda acolhem tão mal os seus imigrantes! No senso comum fala mais alto o preconceito e outros sentimentos medíocres que se aglomeram àquele primeiro.

Por que não olhar para este começo de globalização através de outra lente? A lente que nos mostra que os nossos imigrantes merecem o nosso maior respeito. São pessoas de grande coragem, que vêm trabalhar naquilo que nós rejeitamos, em condições que nos deveríamos envergonhar de oferecer. Pessoas que nos enriquecem, porque a diferença acrescenta e jamais retira, que nos dão o seu exemplo de coragem e de determinação e que nos têm (ou tinham) como exemplo! Pessoas! Seres humanos cujas lágrimas têm a mesma cor que as nossas, mas que provavelmente as derramam com mais frequência pelas saudades que sentem.

Por isso, acho que antes de dizermos disparates como “vêm roubar-nos os empregos!”, “vêm roubar-nos as mulheres!” (juro que já ouvi isto!), etc, deveríamos pensar que, acima de tudo estamos a falar de seres humanos. Seres humanos que sentem a falta de alguém que não vive a cinco minutos deles.

quinta-feira, março 02, 2006

Ainda o Amor...

És um amor maior, esse Amor Maior de que falam “Jota Quest” na música
Apesar de não mais te amar,
sei porque tanto te amei e não voltarei a esquecer.
Sei que não deixarás que isso volte a acontecer,
mesmo que agora nada mais haja a fazer.
De mim farás sempre parte,
do mal guardo apenas a lição, em mim reside a paz agora.
Por breves momentos e em breves palavras fizeste-me mais feliz que em muitas horas,
simplesmente porque me devolveste a razão do imenso amor que por ti senti.
O amor acabou, mas a sua razão ficou.

quarta-feira, março 01, 2006

...

Sinto-me invadida por uma sensação de estupidez… Sempre que penso em escrever só me ocorre o amor, esse tema que nem sequer é meu! Pertence aos poetas e não a mim! Talvez o escrevendo ele se vá!

És para mim a mais bela, hoje que te vejo.
És para mim a mais perfumada, hoje que te cheiro.
É nas gotas de orvalho que te cobrem que o Sol brilha para mim.

quarta-feira, fevereiro 22, 2006

Desapego da Solidão


Quando se está em estado solitário, parece que o mundo à volta não existe, parece que só se se tem a si próprio e é aí que a "Solidão é lava que cobre tudo". Quando se abre a janela do eu para o mundo e a ele se sorri, o mundo responde. Então o mundo à volta torna a existir para o solitário e o solitário torna a existir para o mundo. A partir daí a solidão só pesa a quem a quiser como dor.

Como animais sociais que somos, que nos relacionemos, que nos amemos e respeitemos, que nos unamos das diversas formas possíveis, mas que a atenção especial de um determinado alguém não tenha de ser intrínseco à felicidade do "EU" de cada um. O segredo para o crescimento individual está na independência emocional. “Eu desapego-me de ti e não te amo menos por isso. Pelo contrário!”

sexta-feira, fevereiro 17, 2006

Carta a Ninguém


Olho a lua da minha janela e,
enquanto tento encontrar as estrelas no céu da cidade,
penso em ti, penso em nós…
Procuro os porquês…
Pergunto-me se não saberás que no meu desejo por ti
é inerente o teu amor por mim…
Que é por ele que esqueço e me deleito,
é por ele que me entrego,
é por ele que olho a lua a pensar em ti!
É por saber que os teus olhos brilham por mim,
que o teu coração dá gargalhadas infantis quando pensas em mim,
que o teu rosto cintila de felicidade por me amares assim…
É por saber da tua vontade de estar comigo,
de me ouvir e de me sentir…
Por saber do teu sincero desejo de me ver sorrir,
de me ver crescer,
de me ver em paz…
É por tudo isso que o meu corpo treme,
que o meu coração pula
e o meu desejo explode por ti.
É por te amar pelo ser maravilhoso que és,
mas principalmente por merecer o teu imenso amor.

quarta-feira, fevereiro 15, 2006

A Noite Passada...


A noite passada dormi 6 horas… umas conturbadas 6 horinhas! Levantei-me cerca de três vezes, certa que já tinha passado a hora de levantar e que o telemóvel não havia despertado. O negócio dos despertadores deve ter sofrido bastante desde que incluíram a sua função nos telemóveis.
Mas como dizia… Bom, e afinal ainda mal tinha fechado os olhos dessas vezes que me levantei. Claro está que quando o dito telemóvel buzinou, tudo o que eu não queria fazer era levantar-me… Ainda por cima tive um sono cheio de sonhos estranhos, daqueles que nos deixam a sensação que “aquilo” aconteceu ou foi dito e que, só lá para o meu da tarde seguinte é que nos passa. Que subconsciente complicado, o nosso!

São Valentim


A minha ideia era não falar no tema, mas depois ocorreu-me que o motivo da festa é o amor e este não pertence só aos namorados! Aliás, há amores bem mais preciosos que o amor entre namorados. Ainda bem que o comércio, neste dia só se dirige a eles, aos namorados. Imaginem que, da mesma forma que o consumo banaliza as uniões enamoradas, dedicando-lhes um dia para que, pelo menos nesse, os enamorados não se esqueçam de mimar quem dizem amar, fizesse o mesmo com o amor da amizade, por exemplo!

Ao menos os amigos, não “precisam” guardar as suas manifestações de amor e carinho para as exibir eventualmente num único dia do ano.
O dia de São Valentim é para ser festejado entre pais e filhos, amigos, conhecidos… assim igualzinho ao Natal! E em vez se desejar “feliz dia dos namorados”, desejaríamos “FELIZ DIA DO AMOR”. Seria lindo se passássemos nem que fosse um só dia do ano a falar em amor!

- Feliz dia do Amor, dona Conceição!
- Feliz dia do Amor, meu filho(a)!

- Feliz dia do Amor, avozinho!
- Feliz dia do Amor, amigos virtuais!